Comemorando o (e com) vinho da Serra Catarinense!

P1100883Novembro é mês de comemoração, e nada melhor que comemorar viajando! Óbvio, hein?

Nós 'adquirimos mais experiência' todo ano em novembro (hehehe), e em 2010 resolvemos comemorar fazendo aquilo que mais gostamos: viajando, comendo bem e bebendo bons vinhos! Na verdade, além de nossas datas de nascimento, estávamos também comemorando os avanços do turismo na Serra Catarinense, um destino estrategicamente localizado próximo de Florianópolis.

Um outro objetivo para esta viagem de final de semana, a partir de Floripa, foi conhecer os vinhedos da Serra Catarinense num outro momento: verdes, repletos de folhas, e já com os primeiros cachos bem pequenos. Nossa experiência sempre foi no inverno, então sempre visitamos os vinhedos (tanto aqui em SC como em Mendoza) na época em que estão 'dormindo', totalmente sem folhas, e em poda. Desta vez, ao lado de cada corredor de vinhas, pudemos contemplar as belas rosas, repletas de flores, protegendo as plantas de possível pragas. Lindo, tudo muito lindo.

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Nossa viagem começou num sábado cedinho, em direção a Urubici, onde reservamos nossa pousada. Urubici é um município de aproximadamente 11 mil habitantes, localizado a quase 1.000 metros do nível do mar, distante apenas 167km da capital Florianópolis. O caminho até lá é tranquilo e muito bonito, pela BR 282, subindo as encostas da Serra Geral. É em Urubici que está localizado o Morro da Igreja, famoso com sua Pedra Furada, considerado o 2º maior ponto de SC, com 1822 metros de altitude. Foi lá que, em 1996, foi registrada a menor temperatura no Brasil: 17,6°C negativos!

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Além do Morro da Igreja há diversos outros atrativos naturais no entorno: Cachoeira do Avencal, a Cachoeira dos Namorados, a Cascata Véu de Noiva, Inscrições rupestres, mirantes, Morro da Cruz, a Serra do Corvo Branco, entre outros. Porém, o que mais tem chamado a minha atenção em Urubici recentemente é a organização de empresas na área de hospedagem e alimentação, além de receptivos e aventura. A cidade vem, aos poucos, se preparando para receber os turistas que procuram estas características climáticas e naturais como prazer!

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A cidade já conta com opções para um bom café, um excelente jantar, além de pousadas que são simplesmente rústicas e aconchegantes na medida certa. Desta vez ficamos hospedados na Fazenda Cambuim, um pousada charmosa, localizada na saída da cidade em direção a São Joaquim, e formada por apenas 6 cabanas, todas viradas para um belo vale, onde lá embaixo o rio corre fazendo um barulho mágico deste ambiente natural.

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Ficamos na cabana o Cachimbo, com uma cama com lençóis térmicos, uma lareira, uma sacada virada para o vale e para o canto das gralhas-azuis, além de uma banheira de hidromassagem com uma visão privilegiada do lugar. E não se enganem, era novembro mas estava bem friozinho; acendemos até a lareira! O visual da pousada é uma delícia. As cabanas são afastadas uma das outras para respeitar a privacidade de cada um. Há uma casa maior onde é servido o café da manhã e jantar (para aqueles que solicitarem), com TV, DVD, e uma bela varanda para contemplar o vale. Nos morros, as araucárias parecem pés de brócolis, de tão verdes e exuberantes! O café da manhã é preparado com muito cuidado. E se o frio não assustar, dá pra ir até a cachoeiras, e se deliciar nas águas do riacho (infelizmente não foi dessa vez! Estava muito frio!).

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Assim que chegamos na pousada, deixamos nossas malas, e fomos direto para a visita que havíamos agendado na Villa Francioni, uma das vinícolas da Serra Catarinense, que já vem produzindo vinhos há alguns anos, e tem recebido destaque para alguns deles. Esta vinícola está localizada em São Joaquim, a 110km de Urubici, no entanto a estrada é boa e tranquila. São Joaquim é o município onde a maioria das vinícolas da Serra Catarinense estão, porém, assim como as demais vinícolas, a Villa Francioni tem vinhedos espalhados por alguns outros municípios da serra, como Bom Retiro.

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A visita que realizamos lá (pela terceira vez!) é basicamente dentro da vinícola. Conhecemos um pouco da história do fundador, e sua paixão pelo vinho; do desenvolvimento da produção vitivinícola da região, que recentemente foi destacada como um terroir interessante; e também conhecemos em detalhes os estágios por onde entram as frutas e saem as garrafas de vinho, quase prontas para consumo! No final do passeio, como era de se esperar ansiosamente, somos convidados a degustar 5 dos vinhos da Villa Francioni: Villa Francioni Sauvignon Blanc, Joaquim, Villa Francioni Rose, Francesco, e o VF (top da vinícola). Infelizmente ficamos com água na boca com relação ao espumante, que estaria sendo lançado no mercado no mês seguinte. Mas não tem problema, voltaremos! :)

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É bom esclarecer que a Villa Francioni é uma vinícola bem pequena, com a produção limitada, focada na qualidade de sua produção. Por este motivo não se encontra seus vinhos em supermercados. Aliás, em apenas alguns representantes e restaurantes do Brasil é possível experimentar seus Joaquim, Francesco, Villa Francioni, entre outros! É claro que esse limitação e foco na qualidade tem custo, então não espere um vinho com preço de bodega chilena ou argentina. Os preços começam em R$ 36,00, salvo algumas promoções, e podem chegar a R$ 250,00, como o vinho da colheita tardia, em que 10kg de uva são necessárias para fabricação de uma pequena garrafa! É importante também destacar que todos os vinhos da Villa Francioni descasam em barricas de carvalho francês, inclusive os brancos. Com isso, até aqueles que não entendem muito de vinho como eu, podem sentir no consumo uma diferença em sabor, complexidade. Sou suspeita pra falar por dois motivos: sou catarinense e não conheço nada de vinhos, mas estes me agradam muito!

Além da Villa Francioni, passamos pela Sanjo, uma grande cooperativa de produtores de maçãs, e outras frutas da serra, que há algum tempo vem produzindo vinhos muito bem premiados.

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Mas não se deixe levar pelo 'grande cooperativa' como um sinônimo de qualidade duvidosa. Bem pelo contrário, numa outra oportunidade conhecemos o processo de triagem e armazenamento das maçãs da Sanjo, e nunca vi tanta tecnologia. Eles não medem esforços quando o objetivo é qualidade. Por isso, um dos vinhos finos deles, o Núbio Sauvignon Blanc 2008, venceu como melhor vinho branco no Expovinis 2009! Estávamos justamente atrás deste vinho branco, que havíamos provado em nossa última visita a Urubici em 2009, e que tínhamos dificuldade de achar em Floripa. Na Sanjo infelizmente não encontramos, mas nos indicaram conhecer a Casa do Vinho em São Joaquim, provavelmente o maior distribuidor de vinhos catarinenses no Brasil, que inclusive fornece para a Presidência da República!

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E assim fomos nós! Como já havíamos degustados alguns vinhos, e estávamos fazendo um tempo na cidade para o momento do jantar, fomos visitar o representante Casa do Vinho. A loja tem exemplar de todas as vinícolas da região, e muitas outras de todo mundo. No caso dos vinhos catarinenses é muito interessante, pois a maioria das vinícolas ainda não oferece visita aos turistas, e seus vinhos são difíceis de se encontrar por aí! Para terem uma ideia, foram aproximadamente 1h30 conversando, degustando uns 9 vinhos diferentes, conhecendo uma séria de vinhos novos, e no final uma conta de R$ 400,00 (mais duas caixas pra casa)! E só fomos lá pelo Núbio da Sanjo (R$40,00)!
Depois de tanta degustação, fomos conhecer uma das mais novas opções da gastronomia de São Joaquim. O restaurante Pequeno Bosque mudou de endereço, e está localizado num ambiente aconchegante, lindo e muito bem decorado. Eu não conheço Gramado e Campos do Jordão, mas os comentários eram de que a casa está no patamar de locais como estes. As opções eram muitas no cardápio, mas ficamos com a especialidade da casa, o fondue. De entrada pedimos um creme de aspargos, delicioso! E saboreamos um fondue de queijo, inclusive com maçãs frescas e maçanzada (um doce de maçã de corte), e bebemos um vinho que tínhamos acabo de conhecer, o QSM Blend da Quinta Santa Maria, elaborado a partir das uvas Cabernet Sauvignon, Merlot, Touriga Nacional e Tinta Roriz. Eu adorei! O jantar realmente foi especial, agradável, e o serviço de muita qualidade. Foi uma maneira bem justa de comemorar datas importantes!

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E tudo ficou ainda melhor com a lareira e a banheira da cabana em nosso retorno! Acabamos amanhecendo com o canto das gralhas-azuis, que rodearam nossas araucárias no começo da manhã. A mata é bastante preservada, por isso fica ainda mais fácil contemplar estes espetáculos da natureza. Tomamos um café da manhã cheio de opções caseiras e deliciosas. Como o dia estava ensolarado, e não tínhamos grandes compromissos, resolvemos caminhar pela propriedade, visitar o riacho que forma a cachoeira da pousada, e conhecer as demais cabanas.

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Para fechar as nossas comemorações, e o final de semana, com chave de ouro, paramos para almoçar no restaurante A Taberna, no caminho para a BR282, já na saída de Urubici. Esse era um outro objetivo da viagem, já que conhecíamos A Taberna, e adoramos os pratos elaborados lá. Há muitas opções com trutas, pinhão e maçã, um cardápio bastante típico, cheio de criatividade, num ambiente lindo e aconchegante. Desta vez fomos de Salada de Maçã de entrada, Truta Portuguesa, servidas sobre uma cama de batatas, cobertas com deliciosos alcaparrones, azeitonas e ovos, além dos famosos pimentões, como prato principal! Estava muito saboroso. E de sobremesa, provamos o Delícia Mineira, de uma forma bem diferente: goiabada de corte empanada na castanha de caju, com catupiry e sorvete de creme (essa era a receita original, mas na ocasião não havia sorvete). Soa estranho? O gosto é maravilhoso... até já repeti em casa!

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E tudo isso de sábado para domingo, a menos de 200km de casa! Maravilha, não? Então fica a dica! Conheça a Serra Catarinense, e aproveite para saborear as garrafas de vinhos que estamos 'colhendo' por aqui!

Um comentário:

  1. Olá Gieane, visitando seu blog e encontrei estas dicas preciosas sobre a serra catarinense. Vou este fim de semana pra lá e estou super animada pra fazer degustação dos vinhos.

    Abs,

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